terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Pelo Fim

Mantive aqui o pensamento
Escrevendo o agora,
Para não rever o passado.
De fato,
Sou ainda a mesma pessoa
Findando mais um dezembro

sábado, 27 de novembro de 2010

Dissimulando

O tempo
Lento
Passa
Em demasia
Sorridente
Em versos tortos
Dou-me
Inteiramente
Estendo as dores fortes que desabam sobre a cabeça
No emaranhado de corpos
Entrelaçando vidas
Acoplando, despindo, desmembrando.
A mente vaga por longas estradas
Sem rumo,
Sem berço.
Inspira
Um desígnio
Uma chave
Pra abrir teu peito
e encobrir o meu
Sela tua pele em minha
Para que a distância seja apenas palavra
Para que você realmente exista
Repleto
Por perto
Pelo tempo que eu quiser

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Por Hoje

Só a casca
Um pedaço lascado de dentro pra fora
ou será de fora pra dentro?
Complexidade
Congruência
Um só
Umbigo
Para viver
Tem que ter
Sabor
Humor
E um pouco de sentido

domingo, 31 de outubro de 2010

Ela

A tarde passa
Como ela passava na calçada
Espaços do pensamento devastados,
Impregnados com as lembranças dela
O concreto pra mim passa longe
Tão distante como seu olhar
Ela estava
Ela era
Um pouco de mim
E eu
Um pedaço dela

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dedução?

O fato concreto que tenho em mãos, foi concebido pela conjuntura atual na qual me limito. Atravessando os distúrbios de pensamentos desfigurados, chego à indeterminada conclusão de que nada concluo a partir dos pontos vagos dos quais divago. Ainda assim, acredito firmemente na proposta vigente a qual afirma a subtração de tudo por nada, resultando na inconstância desnuda e crua que percebo ao reparar nas faces desfiguradas. A capacidade de obter a solução de um problema inexistente de uma complexa rede de insanidade é fato determinante na concretização dos processos que vigoram nosso estado. Desde quando caminhos iguais nos levam à destinos diferentes? Somos nós ou somos eles? Um fato razoável não limpa as manchas de um passado deteriorado. Pense. Chegou à alguma conclusão?

Aeriforme

Emaranhadas
As idéias
Entre ir e vir
Entre ficar e ir
Entre rir e dormir
A palavra
Um fim de tarde
Do ponto oposto
Ao lado direito
Ao certo
Ao meio
Simples
Como água
Simples
Como nada
Estréia exemplar
Papel Carbono
Sopra
Risca
Copia
Enrola
É o fim
De mim
Em mim
O fim

domingo, 5 de setembro de 2010

Assim

Quando o som da sua música tocar
eu vou contigo
pra onde for
eu vou
Eu quero ir
Quando você cantar pra mim
Em mim
Enquanto for
e durar
e querer
e gostar
Eu sou
Serei em ti
Mais uma vez
O toque
O cheiro
A pele
O desejo
Enquanto for
Assim que a semana acabar

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Inverossimilhança

Uma boca de mentiras
Palavras engolidas
A parte
O ponto
Frente e verso
Eu sou

A ponte
O estrago
O inverso
A plenitude
Em mim

O sonho
A morte
O infinito
E fim
Enfim

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Tão Só

As cortinas se fecham devagarzinho
Enxergo à meia luz a meia lua
Um pouco
Um claro
Bebo do copo vazio
A tinta que escorre das veias
Triste
Sozinho
Tanto e só
A calma
Acalma
A alma
Escorre
Corre
Escorrega
Por entre os dedos
Inocência
Chave do segredo
Um pouco só
Lembrança
Um grão de areia
As mãos entrelaçadas
Passa
Me abraça
Senão eu fujo

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ergástulo

Tem gente que vive no calabouço de si mesmo
Se prende, se esconde
Se parte e ninguém vê
Lugar tão profundo que poucos conseguiriam chegar
Emaranhado de sombras
de atalhos, de esquinas e desvios
Tudo no pouco que existe dentro da gente
Nada do tudo que a gente pensa que não tem
Do nada que somos
Lá no fundo
Nas profundezas do absurdo
Seremos

sábado, 1 de maio de 2010

Sono de Cascalho

Que bobagem menina,
Sua visão não se limita
Você pode me ver, não pode?
O cascalho já caiu e molhou a minha roupa
Enxuga esse pó
Você vai cair, não disse?
Essa perna manca me atrapalha
Por um lado é bom
E pelo outro também
Chega de preguiça
Se ajeita que a noite é longa
Há tempo para resolver esse caso
Calma, não desliga
Não me desliga
Por favor
Ainda estou aqui
Chama mais alguém pra te ajudar
Não me deixe aqui sozinha
Cairemos no vazio dessa imensidão
Me deixa dormir!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Lapso

Um e meio
Inteiro pela metade
Falta espaço
Faltam anos
Falta muito
Um e meio
Fazer, concluir, conceder
Um dia
Quem sabe?

quinta-feira, 18 de março de 2010

Coadunado

Uma ponta forjada
Um parecer hipnótico
Palavras, pregos, martelo
Palavras, martelo e prego
Aponte sobre minha cabeça
Com muita força ou com muito jeito
Descreva a sensação
Diga se vale à pena.
Cabo, tinteiro e machado.
Jeito ou força?
Força ou ponte?
Use a inteligência!

terça-feira, 16 de março de 2010

Impropriedade

Quero apagar as manchas da minha pele
Cada retrato seu que se esconde por detrás das minhas paredes
Quero que se resolva, que se compreenda
Quero que se abra, que se absorva, que vire lenda
Quero serrar essas grades
Desatar esses nós
Quero que vire a face, que saia correndo, que não tenha dó
Quero que desligue o telefone, que saia da cidade,
que fuja de tudo
Quero que esqueça da minha presença, da minha ausência e de que um dia fui seu porto seguro
Corra até seu destino, mesmo sozinho, esqueça as palavras que não falei
Quero que vire a cara, que não se apavore, que esqueça meu nome
Que esqueça que um dia te amei

Fado

A felicidade é como a brisa de um fim de tarde,
bate de repente, afaga o peito, deleita a alma,
corrói os pensamentos e como chega, vai embora
Causa estragos invisíveis
E inevitável seria não sorrir com os olhos marejados
Ainda que a dor corrompa sem piedade
Ainda que não haja caminho de volta.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Quando é preciso ser uma Ilha

Cansada de respirar esse mesmo ar que me sufoca,
conclui a cena que se predizia, aos poucos e amiúde.
Pude enfim respirar ar mais puro
No meu lugar
No meu pedaço de paraíso...
Quis ficar aqui, ficar em paz
Eu comigo mesma
Sentindo na pele a falta de ser sozinho...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Nostalgi-Melancolia

Saudade
Linhas tortas...
Desenhos em preto e branco,
Tintas, fitas, cola, correria...
Saudade
Papéis avulsos!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Medial

Perdi minhas pegadas
Enquanto engolia palavras e farinha
Simples e contundente
Devagar
Descobri a falta de coragem para o não
e também a falta de pulso para o sim
Assim é meio à meio
Sem gosto
Sem graça
No meio do corredor
Ao meio dia
À meia estação
À meia vida

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Endrômina

Arrancaram as suas asas e podaram todas as suas expectativas. E ela, mais uma vez, se mostrou incapaz de impedir que tudo se arruinasse por completo. Desse modo, aceitou a vida da maneira como ela se apresentou, crua e nua. Sabia que a volta era longa e ultrapassava as necessidades e as barreiras dessa nova vida. A partir de então, ela se viu como alguém insuficiente perante a grandeza e a complexidade de qualquer outro. Não podia mais correr, se limitava em arranhar palavras ao vento, suspirar gemidos e lamentar sorrisos. Era um fim e nada mais. Apenas mais um e depois dele viria o recomeço.
Como poderia mudar a rota sem tropeçar em pedras desconhecidas? Como deixar de sonhar se a cada dia o novo se levanta para esfregar a realidade em sua face?
Parecia conhecer os detalhes daquele antigo caminho porém era tudo mentira. E assim o que se fez novo era mais conhecido que o anterior. Refez, desfez, transformou. Era o tempo de fazer a hora certa, de esquecer, de retomar, de reviver.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Puerícia

Fala-se o que não se quer ouvir
O vento fecha a porta
Ouvem-se murmúrios
e as batidas lá fora.
As crianças dormem.
A ciranda cantada mais cedo ecoa pelas paredes.
As flores murchas e os pequenos laços esparramados pelo chão refletem a beleza que se desfez.
Pobres, cegos,
Velhos olhos de vidro
Incapazes de sentir a riqueza desse momento.
Insensatez que jaz aos olhos do horizonte,
Atrás daquela porta,
Apenas a areia afogando os prantos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Rotina

Debruça-te sobre o dia
que o mundo gira a cena
Entorna o pranto
Joga
Não se cansa
O paladar aguçado
As palavras em meio à cama
Toque
Lençóis de seda
Cortina fechada
Roda a roleta
O dia mente
A vida grita
Chora a alegria
Mesa Redonda
Rasga a casca
Vaga o pensamento
Aguarda o girar do Sol
Que os anos escorrem

Congregando

Uma fonte de calor para aquecer os dias de chuva
que molham as faces e
descobrem os cabelos.
Um copo de água gelada para
destampar a alma,
lavar a superfície interior
e esculpir as línguas.
Um gesto simples que congrega extremos,
Uma linha turva para não dividir,
Uma manhã de verão
que grita,
que nasce,
que chora pelo meu sorrir.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mesomorfo

Colorido,
Sarapintado,
Tingido,
Mesclado,
Inconstante,
Imprudente,
Transparente,
Rarefeito,
Aguado.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Cândido

Clareza de sentidos
Universalidade
Abrangência
Você
Contra-senso
Na contra-mão
Lampejo
Lamparina
Lampião

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Preto Escarlate

Ela andava numa marcha só, cabisbaixa, serena. Olhava pelos cantos às vezes, para ter certeza que ninguém a seguia, contemplava a paisagem: as folhas secas, as árvores espaçadas, o céu escuro.
A menina dos negros olhos e dos cabelos vermelhos.
Via nela toda a segurança e a incerteza que jamais enxergara em nenhuma outra pessoa.
Ela chamou minha atenção desde o primeiro instante, quando sorriu e focou seus olhos brilhantes e reluzentes nos meus.
Busquei no fundo deles todas as respostas as quais não tenho até hoje.
Ela possuía um ar penetrante, um íma que me conduzia em sua direção.
Havia alguma coisa que eu não podia entender, algo que ninguém imaginara.
Eu precisava descobrir o que era.Ela me magnetizou por alguns instantes e continuou sua caminhada, para ela eu era apenas mais um qualquer.
Mais um que nunca a compreenderia.
Resolvi segui-la. Precisava saber mais sobre ela.
Minha curiosidade poderia ter acabado comigo, mas eu não me importava.
Ela percebeu que eu continuava andando para alcança-la e resolveu parar.
Esperou que eu me aproximasse e mais uma vez olhou fixamente dentro dos meus olhos, eu me senti nu naquele momento, como se ela pudesse ver dentro da minha alma, como se ela percebesse cada medo que eu escondia.
Ela não disse nada. E quanto mais ela me olhava, mais eu me sentia seduzido. Sentia-a cada vez mais perto.
Queria tocá-la e nesse momento ela virou as costas e continuou andando. Continuei seguindo-a e quando chegamos próximos à uma ponte, ela disse-me que parasse por aqui. Sua voz era penetrante, assim como seus olhos. Eu ouvia o que dizia mas não conseguia assimilar nada. Percebendo isso, ela começou a andar rumo ao meu encontro, meu coração disparou, tocou minha pele, eu fechei os olhos e ela então sussurrou algo incompreensível no meu ouvido. Eu não podia deixar que fosse embora. Mas quando pensei em segurá-la ela já havia desaparecido. Não sabia seu nome, nem seu endereço, gritei incontrolavelmente por alguns minutos e em seguida fui para casa com sombras de pensamentos vazios e sua imagem refletida em minha lembrança.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A Última Cerveja

Hoje o dia amanheceu mais cinza que antigamente,
a vida iniciou um novo curso.
Ela se olhou no espelho e viu sua face rubra, seu olhar vago e seu falso sorriso.
Tentou abrir os braços em frente à ele, relembrou todos os bons momentos passados.
Não sabia como reconstruir tudo, sabia apenas da necessidade de continuar a vida. Não esperaria por sua mudança, ela teria que fazer tudo à seu modo.
Seu sorriso se enegreceu quando lembrou da falta que ele faria e de sua presença ausente que se encontrava em sua casa.
Veio a tarde quente, a brisa em sua face, seu pensamento voando longe.
Um último olhar, uma última viagem.
Ela encontrava-o naquela estrada, vagando com a vida no tempo, ao seu lado o silêncio e a incerteza de um futuro. No copo, o último gole de um momento que não era mais seu.
Agora restou à ela as lembranças de tudo o que foram, a certeza de que tudo passa, de que a vida segue seu curso e de que um dia eles dobrarão a mesma esquina!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Alacridade

Descobri em mim um gosto meio sem gosto,
uma vontade de fazer o que não deveria,
uma facilidade em me expressar nos retratos,
em colorir fotografias.
Descobri que gosto de folhas em branco,
Gosto de liberdade,
de sentir o vento.
Gosto de todas as formas,
de todas as artes,
de todos os gostos,
de todas as boas histórias.
Gosto ainda de muitas outras coisas,
algumas inefáveis, outras perturbadoras.
Algumas as quais guardo só para mim,
para que às vezes eu saiba de que gosto mesmo.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Divagando

As majestosas tardes de domingo se transformaram em prés segundas-feiras,
nas quais a sensação de desânimo e o cansaço mental tomam conta de tudo.
Não é mais um dia qualquer, o qual seria vivido como qualquer outro,
mas uma preparação para o seguinte, que talvez seja melhor que sua agonizante espera.
Desse encontro, uma página virada.
Rabisco essas linhas com o intuito de divagar sobre alguma coisa que preencha esses espaços vazios e enquanto isso fico pensando no enclausuramento no qual estamos inseridos,
Na falta de escolha, na vida esquecida, no tempo perdido,
Nas pessoas que deixam de aproveitar os segundos, que não se importam com o valor das pequenas coisas.
Fico pensando nas muitas coisas que deixei de fazer, oportunidades que jamais voltarão,
nas tardes de domingo perdidas, esperando o tempo correr, deixando o calor esquentar, esperando o cair da noite, olhando pro relógio e reclamando da pressa que tem a segunda-feira em chegar.
Esperei tantos dias seguintes que já perdi a conta, e enquanto esperava deixei muita vida correr por debaixo da ponte, como um rio que segue seu curso sem se transformar.
Não fique parado olhando para o vazio, você pode se encher, se completar, viver plenamente, respirar bem fundo, pensar.
Tolos são aqueles que como eu deixam um dia passar como uma folha em branco,
Que não rabiscam sua história nos muros, nas paredes dos quartos, nos corredores, nos terminais.
Antes de se calar por uma eternidade deixe sua marca na calçada,
deixe por aqui os sinais de sua passagem!

domingo, 3 de janeiro de 2010

Exiguidade

Vi você hoje na esquina dos meus sonhos,
reparei no seu corte de cabelo e na sua pele queimada de sol,
Pude ver também o modo como olhava para mim,
parecia que era a primeira vez que me via,
Seus olhos estavam cheios de expectativas,
Mas havia uma névoa que nos separava,
Alguma coisa te impedia de se aproximar.
Acordei de repente, com você na minha cabeça,
queria você aqui.
Eu estava no meu quarto, imaginando onde você poderia estar.
Queria te buscar das esquinas dos meus pensamentos para a esquina da minha rua.
Fazer de você letra para minha poesia.
Ou virar poesia para sua melodia.
Olhar você da varanda.
Deitar na rede e sonhar acordado.
Mas pena você não existir.
Pena que você é real apenas nos meus sonhos
e que deles você anda passando longe.
Volte mais vezes.
Aguardo a composição que ficará gravada em minha pele,
uma nova estampa para esse rosto.
Fale mais comigo, seu grito anda mudo,
preciso desse som para suprir minha falta de você.
Amanheceu novamente, como todos os dias.
E pude acordar com a mesma sensação de ausência,
com o mesmo sentimento de que não te verei hoje também.

Sobre a Vida

Aceite que nem sempre as coisas vão acontecer do modo como você espera.
Muitas vezes você vai ligar e ninguém irá atender.
Outras tantas você vai chorar e ninguém vai reparar nos seus olhos vermelhos.
A vida é essa.
Ela passa como um sopro quente no fim da tarde.
Como um dia sem almoço.
Como um filme sem final.
Acaba quando você esquece de viver ou quando você não pode mais escolher ou esquecer.
Quando você deixa tudo desorganizado, juntando roupa suja para lavar em um final de semana que talvez nunca chegue para você.
A vida passa direto, como um ônibus que não pára para você embarcar.
Depois que ela vai embora não importa o quanto você reclame, não volta.
A vida é única e você é o ator principal da sua.
Não deixe que a peça acabe sem antes representar bem o seu papel.

Truncando

Noite em claro
O pôr-do-sol
As madrugadas vazias
Silêncio profundo no corredor
Quartos embebidos de ausência
Um dia vago
Copos quebrados
Memórias coladas
E um breve sorriso
Apenas para rematar a minha
Não plenitude