domingo, 31 de maio de 2009

Sobre Olhos

Você vê com olhos insensíveis
como tantos outros olhos,
olhares medonhos,
aprisionados,
afastados daquilo que mais querem ver.
Olhos invisíveis, que se escondem atrás de outros olhos,
olhos que se omitem, que não refletem e que
não emitem!
Olhos que não choram, olhos que não brilham,
que não sentem águas, que não vêem estradas,
que não dão perdão.
Olhos que não erram, que não acertam,
que não gritam para o coração.
Olhos fechados, mentirosos,
olhos verdadeiros, olhos cerrados.
Olhos certos, olhares errados.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Quando Tudo Erra

Não posso mais inventar desculpas para me negar,
joguei tudo para o alto,
compartilhei meus pedaços com o coração,
entreguei os pontos.
Estou vivendo na bandeja.
Estou vivendo por viver.
Me belisque,
Falta a tarde para ver!
Caindo da esfera, tropeçando nas pedras...
Eu sei...
Não há pressa...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Inanidade

Entre nuvens,
as minhas quatro paredes,
meu quarto claro...
Gritando ao vento.
Um grito
para que finjam não ouvir,
Um grito
para me libertar de mim.
Fazendo-me cansar de ser,
de fazer tudo assim,
de não acreditar em nada,
e levar tudo de qualquer maneira,
esquentando muito, para logo esfriar.
Para não cansar,
para dormir tranquilo,
Para me esvaziar.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ressaca Moral

Calando a boca para não falar besteira, abrindo portas, fechando cortinas, deitando na cama.
Não durmo, não dormem, as vozes zumbem, sacodem a cabeça, ruídos altos, palavras em falso.
Acordo sem ter dormido. Levanto deixando a consciência debaixo do travesseiro. Do lado de dentro, pelos lados opostos. São muitos, são todos que deveriam estar ali, sem nomes, sem lembranças. Nenhum deles lembraria.
Abre-se a boca num estalo contido, regresso por medo, depois que se inicia, chega-se até o final, não há volta por essa mão...
A passagem sempre esteve fechada, para a incapacidade de conter seus pensamentos... Sol nos olhos. Eu tinha fechado. A certeza da dúvida é breve e eficaz para a confusão dos sentidos. Mergulhei em pensamentos soltos, me abstraindo mais uma vez, chegando próximo à perda da consciência. Foi ali, onde tudo havia acontecido. Você havia chegado de repente, se aproveitando de um estado deplorável, como se não quisesse nada, e como se eu não deixasse...
De confuso, restou a vida, condenando-se por mim, e junto comigo, por essa melindragem. Desfigurei à mim mesma e no dia seguinte, me enfiei debaixo das cobertas como se não fizesse frio... Esperei atenta pelo mínimo toque, pelo suposto sussurro que não veio. Você estava tão gélido que me assustava. Tive medo. Você se manteve dormindo, e quando pensei que iria acordar para um sorriso, você apenas roncou alto...
Queria mais lembranças, queria saber mais sobre você... Um nome faria bem para todos os efeitos, nem me lembrava se te conhecia. Meus sonhos e pesadelos se confundiam com a realidade, e quando acordei não sabia mais o que teria feito em meu estado de ausência.
Lembro-me agora, de quando você me fazia raiva, daqueles momentos nos quais todas as palavras serviam de punhais. Tudo isso seria para ver você notar mais, para ver se você repara que eu ainda espero pela sua inquietude, pelas suas respostas indecifravéis... Para que você saiba que eu ainda espero um jogo de idéias que eu não compreenda... E espero muito, de tudo que para você não valha nada. Eu revirei a minha vida, revirei minhas palavras pra fazer alguém me ouvir, pra gritar no seu ouvido, sussurrando. Um jogo como esse nunca é em vão, como você pensa. Uma palavra, ainda que inventada, como todas foram, expressam um contíguo limite de realidade jogada pelos cantos. Os meus limites me acordaram para a sua fraqueza e você como sempre continuou por aí dormindo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Insensibilidade

Pelos dias claros
desse insensível acordar,
choram...
as águas, as pedras, os pedaços...
Choram as peles,
Inconsoláveis...
Despertam para o novo,
a dor da dúvida,
fortalece...
Chore,
choraremos...
Como sempre,
para nunca parar...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Conjetura

Não quero mais ser uma figura incomum aos olhos de todos,
quero ser incomum além do que os olhos podem ver!
Ah...! Como quero fazer de mim algo que está além...
Pelo simples fato de abrir os pulsos e o coração para que se deixe pulsar!

Quero um corte profundo, para ver o sangue escorrer,
quero um soco no rosto, quero deixar doer!
Que dor é esta? Que lateja no peito e não encontra razão na cabeça?
Quero a loucura certa, na medida, à prestação...
Quero viver aos poucos, para não consumir tudo!
Para chegar no fim com mais vida para viver!
E mesmo que seja na morte, ainda assim, quero força!
Quero mente, quero consciência,
nem que seja para sofrer mais...
Nem que seja para chegar mais fundo,
para ver através, para devorar o mundo!