quinta-feira, 28 de abril de 2011

Crise da Meia Idade

Às vezes eu fujo...
Fujo mesmo, quem nunca fugiu?
Diante de tantas tempestades desabando, dá mesmo vontade de fugir.
Eu falo assim, mas estou sempre aqui, no mesmo lugar.
Escuto as mesmas lamurias: as minhas e as dos outros.
Tenho que resolver também problemas que não são meus, ir à festas que não são minhas, escutar ladainhas, sorrir quando não quero, fazer favores para os amigos dos meus "amigos" e também para os não amigos.
São as relações encadeadas.
São os laços desordenados, as palavras engolidas e outras vomitadas.
São as crises de amores e desafetos.
A poesia e o verso.
Sou eu e são eles, não existe "ou" e nem meio termo.
É um fato simplório, são fatos multiplicados.
Eu tento ser só um.
Queria ser apenas mais um.
Mas tenho que me fazer em pedaços para olhar para todos os lados.
Tenho que fazer todos felizes, resolver todos os casos.
Mas enfim, isso já não importa.
O tempo se esgota aos poucos.
À cada suspiro sinto o peso dos anos, as mãos que murcham, a luz se apagando.
Vou ficando cego no peito e surdo na mente.
Cada pedaço definhando.
Não aguento mais ouvir tantos sussurros!
Que a luz se apague e que no fim restem apenas as boas lembranças, se é que elas existiram.