domingo, 30 de outubro de 2011

Interinidade

Pequeno ponto forjado por palavras. Vem imprimindo nas faces os sentimentos mais profundos e superficiais.


Em sua essência existe um mesclado de possibilidades.


Um retrato mórbido do passado e da distância que separa todas as passagens.


Quero poder sentir, mergulhar nesses enigmas temporais!


Leva-me contigo, por onde for!


A idade chega e se esparrama sobre mim, suga meus anos e absorve minhas veias.


Faça como achar melhor, mas me leve daqui...


Por favor!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sem Compromisso


Entre corpos despidos
Gritos e Suspiros.
Em alto e bom tom,
Esgoto minhas forças.
Pouso sobre braços estendidos.
Olhos, mãos e carne...
Usura, atos e intenções
Desvanece-se a lascividade
Dissimulo as regras
Tudo para seu deleite
Veja, sinta
Depois que isso acabar,
Casualmente poderá acontecer...
Ouça os sussurros, devore a saliva
Aqui e agora
Sem antes ou depois
Tente a sorte!

Imagem: eumlugaraosul.blogspot.com

sábado, 15 de outubro de 2011

InSoSatez


Difamando os destinos tortos que rodopiam sobre minha cabeça.

Calo a face surda,
O semblante quase ectoplásmico que de mim se apossa.
Tento reorganizar as idéias,
Redistribuir meus pensamentos
Mas a insanidade não se afasta.
Podaram minhas asas enquanto pisquei a inconsciência
Trancaram meus olhos junto à claridade.


Ofusquei,

Ofuscaram-me.

Preciso de força para amanhecer,

Coragem para pulsar e de algumas incertezas para não

Morrer.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Reencetando

Claridade Infinita

Propagando as idéias e as horas no relógio

Em instantes, já é tarde de mais

Aos poucos vão restando apenas migalhas

Pequenos pedaços em sintonia.

Fecharam-se as cortinas

Encobrindo as têmporas do futuro

Em transição permaneço

Despedaçando o vento

Destituindo planos

Desfazendo enganos

E criando outros

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Aluição

Acordei hoje com o pé esquerdo, mas se fosse com o direito nada mudaria.
Mesmo antes de levantar da cama milhares de questionamentos impregnavam a preguiça a qual se estendia sobre o tempo que passava nos ponteiros do relógio que me despertara.
Cumpri o ritual matinal, a mesma sequência de atividades higiênicas e metabólicas. Abri a porta da cozinha e olhei ao meu redor, admirei o céu.
Dia nublado com algumas nuvens acinzentadas pairando sobre a cabeça tão cheia de informações e vazio.
Parecia que hoje, justamente hoje, ele acordou de mau humor. Meu ânimo que já era pouco chegou a zero. Sem nenhuma explicação óbvia, lágrimas estamparam minha pele e com os olhos vermelhos e inchados me olhei no espelho do banheiro.
Com uma das mãos quebrei o retrato horripilante que se imprimia em minha frente. Os cacos se espalharam ao redor e o sangue escorreu pelo meu pulso. Meu sangue.
O barulho acordou os outros habitantes da casa, que preocupados batiam incessantemente na porta. Eu não abriria. Olhei para minhas mãos vermelhas e mergulhei nas profundezas da minha alma. Não entendia como, nem por que.
Quando mais uma vez acordei, já não era mais eu.
Estava sob o efeito de todos os tipos de medicamentos. Não era isso que eu queria.
Meu lugar não era aqui.
Eu era apenas um rascunho da complexidade antes desenhada, um esboço engolido pelo lixo.
Sucumbindo...
Desintegrando!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Crise da Meia Idade

Às vezes eu fujo...
Fujo mesmo, quem nunca fugiu?
Diante de tantas tempestades desabando, dá mesmo vontade de fugir.
Eu falo assim, mas estou sempre aqui, no mesmo lugar.
Escuto as mesmas lamurias: as minhas e as dos outros.
Tenho que resolver também problemas que não são meus, ir à festas que não são minhas, escutar ladainhas, sorrir quando não quero, fazer favores para os amigos dos meus "amigos" e também para os não amigos.
São as relações encadeadas.
São os laços desordenados, as palavras engolidas e outras vomitadas.
São as crises de amores e desafetos.
A poesia e o verso.
Sou eu e são eles, não existe "ou" e nem meio termo.
É um fato simplório, são fatos multiplicados.
Eu tento ser só um.
Queria ser apenas mais um.
Mas tenho que me fazer em pedaços para olhar para todos os lados.
Tenho que fazer todos felizes, resolver todos os casos.
Mas enfim, isso já não importa.
O tempo se esgota aos poucos.
À cada suspiro sinto o peso dos anos, as mãos que murcham, a luz se apagando.
Vou ficando cego no peito e surdo na mente.
Cada pedaço definhando.
Não aguento mais ouvir tantos sussurros!
Que a luz se apague e que no fim restem apenas as boas lembranças, se é que elas existiram.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Diáfano

A pele dela era tão branca que transpareciam suas veias azul-roxo-avermelhadas
Era de um só tom
Em poucas palavras descrevia o cenário
Era assim
Através dela vi
Portas tortas e Pensamentos soltos
ME vi
Em seu fulgor fugaz.
Livre de qualquer prisão
e de qualquer coisa que pudesse sufocar.
Tudo parecia muito confortável
Cada coisa em seu lugar
pernas, pescoços e braços soltos
Nadadeiras nos olhos e bocas a rodar
Era assim que se desdobrava o mundo
Milhões de pedaços desfigurados e sinuosos
Perfeitamente encaixados, cada qual com sua pessoal imperfeição
Era tudo muito claro
Mas de repente as luzes que dela cintilavam cessaram
Com o susto me vi em outro lugar
Estava em casa
Exatamente em cima da cama
Olhei para o lado e o relógio marcava duas horas
Madrugada fria
Puxei de novo o cobertor
Fiquei pensando nas coisas ainda tão nítidas que aquela criatura me mostrara.
Pude ver os detalhes cruelmente encravados
Cada pedaço representando uma anomalia,
uma doença no seio do mundo.
Um cenário completamente demudado.