quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Diáfano

A pele dela era tão branca que transpareciam suas veias azul-roxo-avermelhadas
Era de um só tom
Em poucas palavras descrevia o cenário
Era assim
Através dela vi
Portas tortas e Pensamentos soltos
ME vi
Em seu fulgor fugaz.
Livre de qualquer prisão
e de qualquer coisa que pudesse sufocar.
Tudo parecia muito confortável
Cada coisa em seu lugar
pernas, pescoços e braços soltos
Nadadeiras nos olhos e bocas a rodar
Era assim que se desdobrava o mundo
Milhões de pedaços desfigurados e sinuosos
Perfeitamente encaixados, cada qual com sua pessoal imperfeição
Era tudo muito claro
Mas de repente as luzes que dela cintilavam cessaram
Com o susto me vi em outro lugar
Estava em casa
Exatamente em cima da cama
Olhei para o lado e o relógio marcava duas horas
Madrugada fria
Puxei de novo o cobertor
Fiquei pensando nas coisas ainda tão nítidas que aquela criatura me mostrara.
Pude ver os detalhes cruelmente encravados
Cada pedaço representando uma anomalia,
uma doença no seio do mundo.
Um cenário completamente demudado.