Acordei hoje com o pé esquerdo, mas se fosse com o direito nada mudaria.
Mesmo antes de levantar da cama milhares de questionamentos impregnavam a preguiça a qual se estendia sobre o tempo que passava nos ponteiros do relógio que me despertara.
Cumpri o ritual matinal, a mesma sequência de atividades higiênicas e metabólicas. Abri a porta da cozinha e olhei ao meu redor, admirei o céu.
Dia nublado com algumas nuvens acinzentadas pairando sobre a cabeça tão cheia de informações e vazio.
Parecia que hoje, justamente hoje, ele acordou de mau humor. Meu ânimo que já era pouco chegou a zero. Sem nenhuma explicação óbvia, lágrimas estamparam minha pele e com os olhos vermelhos e inchados me olhei no espelho do banheiro.
Com uma das mãos quebrei o retrato horripilante que se imprimia em minha frente. Os cacos se espalharam ao redor e o sangue escorreu pelo meu pulso. Meu sangue.
O barulho acordou os outros habitantes da casa, que preocupados batiam incessantemente na porta. Eu não abriria. Olhei para minhas mãos vermelhas e mergulhei nas profundezas da minha alma. Não entendia como, nem por que.
Quando mais uma vez acordei, já não era mais eu.
Estava sob o efeito de todos os tipos de medicamentos. Não era isso que eu queria.
Meu lugar não era aqui.
Eu era apenas um rascunho da complexidade antes desenhada, um esboço engolido pelo lixo.
Sucumbindo...
Desintegrando!
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