quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Congregando

Uma fonte de calor para aquecer os dias de chuva
que molham as faces e
descobrem os cabelos.
Um copo de água gelada para
destampar a alma,
lavar a superfície interior
e esculpir as línguas.
Um gesto simples que congrega extremos,
Uma linha turva para não dividir,
Uma manhã de verão
que grita,
que nasce,
que chora pelo meu sorrir.

3 comentários:

Ilhados Aqui disse...

Queria divulgar meu blog sobre as músicas que faço: http://ilhadosaqui.blogspot.com/

Se arrisca? Abraço

renata carneiro disse...

uma linha que se adapte para não acontecer divisão é genial!

um beijo.

Jaime Piedade Valente disse...

Neste poema há um grito de liberdade:

Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.

Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.

A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.

Sophia de Mello Breyner