sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ressaca Moral

Calando a boca para não falar besteira, abrindo portas, fechando cortinas, deitando na cama.
Não durmo, não dormem, as vozes zumbem, sacodem a cabeça, ruídos altos, palavras em falso.
Acordo sem ter dormido. Levanto deixando a consciência debaixo do travesseiro. Do lado de dentro, pelos lados opostos. São muitos, são todos que deveriam estar ali, sem nomes, sem lembranças. Nenhum deles lembraria.
Abre-se a boca num estalo contido, regresso por medo, depois que se inicia, chega-se até o final, não há volta por essa mão...
A passagem sempre esteve fechada, para a incapacidade de conter seus pensamentos... Sol nos olhos. Eu tinha fechado. A certeza da dúvida é breve e eficaz para a confusão dos sentidos. Mergulhei em pensamentos soltos, me abstraindo mais uma vez, chegando próximo à perda da consciência. Foi ali, onde tudo havia acontecido. Você havia chegado de repente, se aproveitando de um estado deplorável, como se não quisesse nada, e como se eu não deixasse...
De confuso, restou a vida, condenando-se por mim, e junto comigo, por essa melindragem. Desfigurei à mim mesma e no dia seguinte, me enfiei debaixo das cobertas como se não fizesse frio... Esperei atenta pelo mínimo toque, pelo suposto sussurro que não veio. Você estava tão gélido que me assustava. Tive medo. Você se manteve dormindo, e quando pensei que iria acordar para um sorriso, você apenas roncou alto...
Queria mais lembranças, queria saber mais sobre você... Um nome faria bem para todos os efeitos, nem me lembrava se te conhecia. Meus sonhos e pesadelos se confundiam com a realidade, e quando acordei não sabia mais o que teria feito em meu estado de ausência.
Lembro-me agora, de quando você me fazia raiva, daqueles momentos nos quais todas as palavras serviam de punhais. Tudo isso seria para ver você notar mais, para ver se você repara que eu ainda espero pela sua inquietude, pelas suas respostas indecifravéis... Para que você saiba que eu ainda espero um jogo de idéias que eu não compreenda... E espero muito, de tudo que para você não valha nada. Eu revirei a minha vida, revirei minhas palavras pra fazer alguém me ouvir, pra gritar no seu ouvido, sussurrando. Um jogo como esse nunca é em vão, como você pensa. Uma palavra, ainda que inventada, como todas foram, expressam um contíguo limite de realidade jogada pelos cantos. Os meus limites me acordaram para a sua fraqueza e você como sempre continuou por aí dormindo.

4 comentários:

iILÓGICO disse...

mas...

Unknown disse...

Adoreeeeeei o texto
eu quando li o texto jurei q ia falar algo de ti. . . mas quem me garante q não é... ou num é... confuso estou
heheheheh
gostei
bjus

Marcela disse...

Esse é o típico tipo de texto que me faria chorar, ainda mais sendo eu uma mantega derretida!
' Eu revirei a minha vida, revirei minhas palavras pra fazer alguém me ouvir, pra gritar no seu ouvido, sussurrando. '
liindo!
Baci.

Priscila Niza, a Titânide disse...

Adorei muito.
Combina contigo, muito bom mesmo.
Não sabia que tu escrevia tão bem, uai =]