sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Nostalgi-Melancolia

Saudade
Linhas tortas...
Desenhos em preto e branco,
Tintas, fitas, cola, correria...
Saudade
Papéis avulsos!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Medial

Perdi minhas pegadas
Enquanto engolia palavras e farinha
Simples e contundente
Devagar
Descobri a falta de coragem para o não
e também a falta de pulso para o sim
Assim é meio à meio
Sem gosto
Sem graça
No meio do corredor
Ao meio dia
À meia estação
À meia vida

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Endrômina

Arrancaram as suas asas e podaram todas as suas expectativas. E ela, mais uma vez, se mostrou incapaz de impedir que tudo se arruinasse por completo. Desse modo, aceitou a vida da maneira como ela se apresentou, crua e nua. Sabia que a volta era longa e ultrapassava as necessidades e as barreiras dessa nova vida. A partir de então, ela se viu como alguém insuficiente perante a grandeza e a complexidade de qualquer outro. Não podia mais correr, se limitava em arranhar palavras ao vento, suspirar gemidos e lamentar sorrisos. Era um fim e nada mais. Apenas mais um e depois dele viria o recomeço.
Como poderia mudar a rota sem tropeçar em pedras desconhecidas? Como deixar de sonhar se a cada dia o novo se levanta para esfregar a realidade em sua face?
Parecia conhecer os detalhes daquele antigo caminho porém era tudo mentira. E assim o que se fez novo era mais conhecido que o anterior. Refez, desfez, transformou. Era o tempo de fazer a hora certa, de esquecer, de retomar, de reviver.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Puerícia

Fala-se o que não se quer ouvir
O vento fecha a porta
Ouvem-se murmúrios
e as batidas lá fora.
As crianças dormem.
A ciranda cantada mais cedo ecoa pelas paredes.
As flores murchas e os pequenos laços esparramados pelo chão refletem a beleza que se desfez.
Pobres, cegos,
Velhos olhos de vidro
Incapazes de sentir a riqueza desse momento.
Insensatez que jaz aos olhos do horizonte,
Atrás daquela porta,
Apenas a areia afogando os prantos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Rotina

Debruça-te sobre o dia
que o mundo gira a cena
Entorna o pranto
Joga
Não se cansa
O paladar aguçado
As palavras em meio à cama
Toque
Lençóis de seda
Cortina fechada
Roda a roleta
O dia mente
A vida grita
Chora a alegria
Mesa Redonda
Rasga a casca
Vaga o pensamento
Aguarda o girar do Sol
Que os anos escorrem

Congregando

Uma fonte de calor para aquecer os dias de chuva
que molham as faces e
descobrem os cabelos.
Um copo de água gelada para
destampar a alma,
lavar a superfície interior
e esculpir as línguas.
Um gesto simples que congrega extremos,
Uma linha turva para não dividir,
Uma manhã de verão
que grita,
que nasce,
que chora pelo meu sorrir.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mesomorfo

Colorido,
Sarapintado,
Tingido,
Mesclado,
Inconstante,
Imprudente,
Transparente,
Rarefeito,
Aguado.