Não retrata o teu original.
Não espelha a realidade,
não capta a essência,
não se assemelha,
como esse poema,
que fiz apenas pensando em esquecer.
Criei a cena,
o espetáculo,
carreguei nas costas, o palco,
para que final?
Joguei toda a tralha no banco de trás do carro,
fechei no porta-luvas todos os meus armários,
trancafiei lá dentro também tudo o que existia de bom
dentro de mim.
Abri na lataria um buraco pra deixar tudo escapar devagarinho,
sem deixar vestígios,
fechei as portas e joguei toda a vida fora,
como um pedaço de papel
que voou com o vento que entrou pela minha janela.